domingo, 9 de outubro de 2011


A espera de dias diferentes

Houve uma intensa mudança cultural que foi notada a partir do século XVIII. Essa mudança foi chamada de Revolução Industrial, e foi apenas um marco que demonstrava como tudo iria se transformar.
Para algumas gerações atrás, apenas o fato de ter momentos em que era possível
relaxar, fazia  com que ficassem satisfeitas ou mesmo mais tranquilas em relação às suas vidas. Amenizar os problemas corriqueiros dava uma existência à considerada “qualidade de vida”.
                Podem-se constatar várias mudanças. Entre elas, a tecnologia é um fator importante, e um dos centrais, que proporcionou a transformação social, e fez outra forma de pensamento surgir.  Presentemente o que era considerado aceitável não faz mera menção ao que é desejado, isto é, mais desenvolvimento.
                Independentes de quem são todos querem o melhor em suas vidas, as melhores moradias, a qualidade na alimentação, filhos educados. Isto não se porta como uma novidade já que começou a se tornar presente três séculos atrás.

O poder dos argumentos

                Aprendemos de forma lenta a argumentar nossas teses e ou defender nossos interesses de maneira clara, não em nossas próprias vidas, mas em conceito geral, em sociedade como um todo.
                Ditaduras e monarquias reprimem o direito à liberdade de expressão, e impõem a obediência com a força. A utilização de palavras que convencessem as pessoas que os seguem que as suas decisões são ótimas e suas intenções as melhores, faria com que esses poderes não fossem derrubados tão facilmente e o sistema democrático não fosse exigido com tanta força.
                Líderes que usaram da boa razão são muito mais lembrados, principalmente em ocasiões favoráveis à sua memória, do que líderes que reprimiram o poder das mentes das pessoas as suas voltas. Um rei só representa o poder que o seu povo tem. Um rei sem povo não é nada. Por esse motivo, passeatas e protestos pacíficos podem abalar tanto um Estado.
Segundo Aristóteles, o homem é um ser naturalmente social e político. O ser humano está destinado a se comprometer com seus ideais, com suas opiniões e crenças. Todos defenderemos o que consideramos certo, mesmo que tenhamos que enfrentar muitos anos de ignorância vindos de mentes que não conhecem o verdadeiro poder do argumento.

Nos encaminhamos a um problema
               
Os valores que realmente importavam foram perdidos. A sociedade como um todo, e não tendo um ponto inicial do problema, se perdeu quanto à ética e faz com que as nossas crianças cresçam em um meio assim. O que será do futuro onde esses adultos governarão?
                Diferente do que pensamos que estamos fazendo, estamos construindo um amanhã repleto de falhas. Quando deveríamos estar preparando as pessoas que viverão no planeta, estamos preocupados com a economia que vai se estabelecer e aterrorizados com os fatores ecológicos que terão que mantê-la.
                Criamos um mundo de consumo que privilegia a magreza extrema. Os atuais “pupilos”, que em qualquer outro momento da história estariam preocupados em brincar, agora prestam atenção ao seu peso. Os nossos pequenos estão aprendendo a mexer no mouse do computador antes mesmo de aprenderem a amarrar os seus sapatos.
                Os nossos atuais capitalistas trabalham horas e mais horas para, não pagar as contas ou se divertir com a família, mas simplesmente para suprir a necessidade de ter. Ter define se você é uma pessoa racional, inteligente e confiável, não interessa se você realmente é ou tem tais atributos, se estiver vestido de maneira adequada, estará de acordo com os princípios estabelecidos.
                Chegamos a um estágio que não pode ser considerado caótico, mas claramente estamos nos encaminhando para isso. A comunidade jovem não enfrenta mais nenhum desafio, para com a sua liberdade de expressão, com a busca de informações, com a dificuldade de fazer amigos. Por não termos desafios, acomodamo-nos friamente e deixamos o sistema nos consumir. Eu não vou assistir a minha vida, você vai?


Gotas e lâmpadas
               
Lâmpadas são tão comuns que passam despercebidas. Ninguém entra em um lugar e repara na sua luminosidade.  Mas lâmpadas podem significar ideias, ideias podem mudar o que for necessário modificar.
                A curiosidade de que a energia utilizada nas sinapses do nosso cérebro tem a capacidade de manter uma lâmpada acesa não é dita com toda a certeza.  Mas, mesmo assim nos faz usar essa energia para pensarmos no que mais o ser humano pode fazer, o que pode conseguir além de nossos resultados atuais, além de nosso conhecimento já utilizado.  A humanidade se desconhece, podemos mudar o mundo simplesmente começando a ter simples ideias.
                Como uma gota pode se transformar em um tsunami, uma ideia pode se transformar em um tsunami de iluminação.  Tanto quanto olhamos para o passado e percebemos como o ser humano sabia pouco, como a verdade era encoberta várias vezes por dogmas irracionais, não os nossos herdeiros distantes, mas os nossos filhos e netos, olharão para o nosso presente e perceberão como nós sabemos muito pouco.  É até irônico.
                Pequenas inovações unidas podem melhorar nosso futuro. Saber disso nos projeta para ele. Modificar ou tentar concertar erros do passado não nos faz pessoas melhores. Fazer com que eles não se repitam garante o desenvolvimento da nossa capacidade criativa. Aprenderemos a pensar.

Uma nova interpretação das relações
               
Novas maneiras de pensar se desenvolveram junto com a sociedade. As pessoas não veem mais as delimitações e obrigações que eram impostas antigamente. Um novo espírito de liberdade em prol das relações afetivas surgiu.
                Nossos antepassados, muitas vezes, eram obrigados a se casar com pessoas escolhidas por seus pais, por motivos econômicos, ou para determinar “o melhor” para seus filhos. Estes tempos fazem um contraste com nossos dias onde um casal, para ser feliz e reconhecido como tal, não necessita de matrimônio, morar junto já é o suficiente.
                Em um mundo em que mães podem ser solteiras, mães também não precisam prestar o seu papel integralmente. Tempo antes passado com os filhos, agora é colocado em outros assuntos. Babás e avós substituem um lugar insubstituível.
                Existem casais que por preferência, e não por um motivo que os impeça, decidem não residir no mesmo domicílio. Também existem casos de pessoas que namoram pela internet.
                Muitos avanços foram conquistados, alguns melhoraram a vida das pessoas, alguns a prejudicaram. De qualquer maneira temos que estabelecer equilíbrio.


Natais
A infância é esquecida pouco a pouco enquanto crescemos, amadurecemos e adquirimos experiências. Mas certos momentos dela são inesquecíveis.
                Histórias de tempos difíceis tendem a se destacar sobre histórias felizes. Nunca esquecerei o choro da minha prima enquanto o túmulo do meu avô era concretado sob palavras de um padre. Mas gostaria de relatar, um pouco, as ocasiões em que os familiares se reuniram e o senhor Arno estava presente.
                A família da minha mãe, os parentes mais próximos, se reuniam para almoços comemorativos na casa da minha avó. Muita massa caseira com molho de tomate, muita carne de churrasco, muito chope para os adultos, e muita atenção sobre as crianças para se garantir que os dedinhos não iriam ser passados ao redor da torta.
                A “Vó Chica” e a “Mãe Léo” não almoçavam sentadas na mesa, pois estavam sempre preocupadas em garantir a comida para todos os presentes, distribuídos em duas mesas postas juntas.
                O dia só terminava por volta das quatro horas da tarde, depois de lavar a louça, arrumar o porão e colocar as cadeiras emprestadas nos porta-malas. Assim, todos os cansados participantes iam para casa tranquilos.